Os sucessos são propagandeados depois da imposição de custos, embora estes continuem a afigurar-se como uma necessidade desde sempre premente. Portugal regressa com sucesso aos mercados, as metas do défice são reduzidas e ficam abaixo do combinado com a troika, os números do desemprego - não os reais - estão abaixo do esperado. Em suma, a economia dá sinais de recuperação. Será assim, pelo menos até se esgotarem os próximos períodos eleitorais.
Os pretensos sucessos não escondem porém os custos do "ajustamento". Na verdade esses custos são colaterais, afinal de contas o projecto é mais amplo e prende-se com a transformação do país, uma transformação há muito almejada por uma minoria. Portugal não voltará a ser o país que foi nos últimos anos. É um país mais pobre, asfixiado pela pressão do desemprego, caído na pobreza, acabrunhado, envelhecido. É este o projecto, um projecto que beneficia uma minoria: baixos salários, precariedade das relações laborais, fim do Estado Social e consequente abertura de novas oportunidades de negócio, privatizações, etc são verdadeiras dádivas.
Os custos do ajustamento são incomensuráveis e serão permanentes se insistirmos na actual receita. Esses custos acarretam vantagens para a dita minoria que ansiava por uma oportunidade como aquela criada há três anos atrás.
Por estes dias regressamos ao passado, com os olhos postos no presente e receio do futuro. O 25 de Abril abriu portas que este Governo e os seus arautos procuram a todo o custo fechar.
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