Sobre o empobrecimento Passos Coelho, primeiro-ministro, tem muito a dizer. Ainda ontem abordou o assunto, referindo que as prioridades do Governo devem recair sobre os Portugueses socialmente mais fragilizados. Esta deve ser a prioridade pós-troika - as políticas sociais.
As afirmações de ontem foram proferidas pela mesma pessoa que disse ter como objectivo o empobrecimento; estas afirmações são de quem fez do empobrecimento um instrumento de transformação da sociedade portuguesa.
Dados do Instituto Nacional de Estatística revelam uma realidade atroz: perto de dois milhões de Portugueses em risco de pobreza; uma realidade pensada por Passos Coelho e pelo seu séquito, a coberto de uma crise que abriu as portas ao impensável.
Com efeito, o que resta do Estado Social é que impede que os números relativos à pobreza não sejam ainda mais acutilantes. Sem o que resta do Estado Social metade dos Portugueses seriam pobres.
Todavia, se por um lado se afirma que o empobrecimento é o resultado do processo de ajustamento, o que dizer do facto dos ricos estarem mais ricos, enquanto a generalidade do país empobrece? É também este o resultado do ajustamento? A quem serviu afinal a austeridade?
São perguntas simples e cujas respostas primam igualmente pela simplicidade. Vamos aguardar para ver se Passos Coelho dá uma explicação para o aumento da desigualdade social. É melhor esperamos sentados.
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