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Consenso

Contrariamente à palavra "irrevogável" que perdeu o seu sentido, pelo menos para alguns dos nossos ilustres representantes políticos, a palavra "consenso" ainda mantém o seu sentido. Veja-se o consenso gerado em torno da impossibilidade do pagamento da dívida, a propósito do manifesto assinado por personalidades de diferentes quadrantes políticos. Quanto à reestruturação propriamente dita, o consenso será compreensivelmente mais difícil.
No entanto, o consenso desejado pelo Governo não se concretiza. O PS não está disposto a seguir o mesmo caminho escolhido pelo Governo, embora o caminho escolhido pelo PS não seja ainda muito claro.
A ausência de consenso acaba por ser utilizada a proveito do Governo que se mostra disponível, mas que não conta com o PS. Cria-se a ideia de "intransigência" do Partido Socialista.
No cômputo geral, as diferenças entre os dois maiores partidos não são de grande relevância. Ambos estarão disponíveis a acatar as instruções externas, pouco preocupados com a impossibilidade do pagamento da dívida. O PS critica as doses cavalares de austeridade, mas não mostra caminhos que permitam contrariar essa austeridade.
António José Seguro, secretário-geral do PS, tem dificuldades em clarificar as suas posições.
De qualquer modo, o consenso é para já uma impossibilidade, até porque se aproxima novo período eleitoral e o PS leva vantagem, sem ter feito muito por isso.

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