Avançar para o conteúdo principal

Conclusão óbvia

O famigerado manifesto subscrito por setenta personalidades da esquerda à direita chega a uma conclusão óbvia: a dívida não é pagável. Cavaco Silva, por sua vez, fez as suas contas e aponta para a necessidade do país permanecer sob vigilância durante mais 21 anos.
A essa conclusão - hoje são muitos os iluminados - já outros tinham chegado. Reacções? Eram loucos, profetas da desgraça, geralmente conotados com a esquerda "radical".
Agora, Ferreira Leite, Bagão Félix, Adriano Moreira, João Cravinho, Freitas do Amaral, António Saraiva, entre muitos outros, não pertencerão seguramente a essa esquerda "radical".
Importa sublinhar que ainda antes de qualquer reestruturação seria imperativo perceber quais os contornos da dívida. Essa é outra necessidade óbvia. Será a dívida legítima? Não sabemos e pelo andar da carrugem nunca saberemos. Auditar a dívida não faz parte dos planos dos partidos do bloco central e os cidadãos, em Portugal e noutros países, estão concentrados na árdua tarefa de sobreviver diariamente.
Os setenta subscritores pugnam por uma reestruturação "responsável da dívida", mas essa sua pretensão, embora claramente legítima, perde força perante uma multiplicidade de incógnitas relativamente aos contornos dessa mesma dívida.
O primeiro-ministro já respondeu ao manifesto, num misto de desprezo e ignorância. De um modo geral, o caminho está traçado e Passos Coelho é um indefectível apoiante desse caminho.
Perante tanta passividade, o caminho vai, de facto, sendo percorrido e o que ficou para trás, ficou para trás: salários condignos, mínimos de segurança no emprego, Estado Social, cerceamento das desigualdades sociais e consolidação da democracia.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa