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A união das esquerdas

Possível para uns, irrealizável para outros, a união das esquerdas podia muito bem ser o primeiro passo para uma verdadeira mudança nas políticas que estão a debilitar a Europa.
No caso português, essa união tem sido impossível de se concretizar. Com efeito, é mais fácil acentuar as diferenças, acautelando, numa perspectiva bem mais pragmática, os lugares devidos, do que enaltecer os pontos em comum.
No entanto, uma alternativa para o país deveria passar pela união das esquerdas. Não será possível: o PS mantém-se comprometido com as soluções europeias e pouco empenhado em contrariar verdadeiramente essas soluções; PCP e Bloco de Esquerda que advogam mudanças mais significativas ficam deste modo sozinhos. De facto, o PS estará, no essencial, mais próximo da maioria que governa o país do que dos partidos à sua esquerda.
Voltando ao plano europeu, os cidadãos têm total percepção da desunião das esquerdas e da fragmentação da mensagem política. Em contrapartida, a direita entende-se.
A ausência de união das esquerdas já teve os seus custos na Europa - a ascensão do neonazismo nos anos trinta também foi o resultado da discórdia entre as esquerdas alemãs. É importante não esquecer.

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