Os americanos têm uma expressão que é (mesmo que inconscientemente) familiar a Pedro Passos Coelho e ao seu séquito: "just a walk on the beach", o que numa tradução literal dá origem a qualquer coisa como "apenas um passeio na praia" - quaquer coisa que será fácil, muito fácil.
É essa facilidade que se tornou indissociável da governação de Passos Coelho: é fácil cortar salários, pensões, vender o país aos pedaço, cortar na saúde, educação, ciência, até vender Mirós, não tivessem sido uns chatos a levantarem problemas. Mas ainda assim será fácil: os quadros são para vender e mais nada.
O passeio na praia de Passos Coelho é o resultado directo da inacção quer dos partidos da oposição, quer dos sindicatos (a CGTP acaba por ser uma excepção), quer dos cidadãos.
Com tanta facilidade tudo é permitido. Não existindo qualquer oposição, o que parecia inexequível deixa de o ser. Toda a governação tem-se pautado por essa facilidade, com a ajuda, claro está, de toda a espécie de chantagens e de processos de culpabilização colectiva. O mais recente exemplo é o de Poiares Maduro que ainda ontem num canal de televisão voltou a reiterar a necessidade de cortes nas pensões para salvaguardar as pensões daqueles que hoje são jovens. Fora da questão da sustentabilidade da segurança social ficam todas as saídas de dinheiro e outras manobras contabilísticas que nada têm a ver com a segurança social. Meros detalhes. Afinal de contas, isto de governar o país pode parecer difícil, mas também pode ser apenas um passeio na praia.
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