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Surpresa

A ideia de que o aparelho do Estado é amiúde instrumentalizado e utilizado como prémio para quem favoreceu partidos políticos ganha força com o estudo da Universidade de Aveiro que analisou 11 mil nomeações entre 1995 e 2009 e concluiu que a maioria serviu para "recompensar lealdades partidárias e para controlar políticas públicas pelos governos.
Com efeito, as conclusões do estudo não constituem propriamente uma surpresa. A ideia da existência de "jobs for the boys" não era uma mera fantasia. Eles existem e comprometem, mais uma vez, a confiança que os cidadãos têm no poder político.
De igual modo, os partidos políticos dificilmente procurarão mudar seja o que for. Para quê? No pior dos cenários a taxa de abstenção sobe qualquer coisa, mas a eleição de um partido é sempre garantida, enquanto os outros distribuem lugares, uns mais outros menos. No pior dos cenários, os cidadãos criticam, sem grande fulgor, as promiscuidades.
No essencial, tudo permanece na mesma. Os partidos não mudam e os cidadãos, esses, permanecem relutantes à mudança. De resto, não há nem surpresas, nem tão-pouco consequências.

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