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As jotas


Os partidos políticos, com o aparente enfraquecimento das ideologias, deixaram de ser centros de pensamento e debate de ideias. As votações na Assembleia da República vivem sob o jugo da disciplina de voto; a vida interna nem sempre se coaduna com os melhores princípios democráticos; os partidos vivem alheados da realidade; os partidos são centros de emprego e de interesses. Tudo isto é verdade, salvaguardando algumas honrosas excepções. E depois há a jotas, sobretudo as do CDS e do PSD, verdadeiros antros de inanidade. É claro que também neste particular encontraremos excepções, mas de um modo geral as jotas não passam dos tais antros de inanidade.
Porém, o pior é quando a mediocridade não vive apenas nas jotas e reina também nos próprios partidos políticos, como é o caso do PSD. O que dizer da proposta do PSD, que nasceu na jota, e que pretende referendar a co-adopção? O CDS, e bem, distanciou-se do assunto, deixando o PSD refém da sua própria inépcia. E por que razão se levanta esta questão agora e não na altura da discussão no Parlamento? Trata-se de uma manobra de diversão para desviar as atenções de outros assuntos? Ou é pura incompetência? Conservadorismo? Seja o que for, a proposta é demasiado nefasta para merecer explicações mais elaboradas. O PSD ficou mal, desrespeitou os cidadãos e o Parlamento. O CDS, com o recurso uma argumentação pouco crível, ainda assim conseguiu sair de cena, deixando o PSD isolado. Este é um exemplo máximo da mediocridade da JSD e do PSD.

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