Existe uma ideologia que subjaz à escolha das
políticas que estão a ser levadas a cabo no nosso país. Não se trata
meramente de um pretenso pragmatismo, nem tão-pouco essas políticas são o
resultado de uma imposição externa.
Este Governo tem uma agenda
política que tem claramente pressupostos ideológicos: o enfraquecimento
do Estado Social, a desvalorização salarial, a precariedade do trabalho e
as privatizações e emagrecimento do Estado não são apenas imposições
externas, fazem igualmente parte da agenda do actual Executivo.
Por
outro lado, a corrupção, as negociatas, o aproveitamento de cargos
públicos e a promiscuidade entre poder político e poder económico
mantêm-se e em muitos casos sofrem um agravamento. Não vale a pena referir casos
concretos porque estes vivem em alguma comunicação social para morrem
nos tribunais, quando lá chegam. A estes aspectos da governação junta-se
a incompetência e temos uma combinação catastrófica.
O resultado quer da aplicação de políticas que bebem de uma ideologia - o
neoliberalismo finalmente chegou a casa -, quer de factores que vão
para além dessa ideologia, como seja a corrupção e a promiscuidade entre
poder político e económico aliados a uma monumental incompetência é
inquietante: a transformação social do país a par do enfraquecimento da
própria democracia, com o afastamento dos cidadãos e a fomentação e consolidação da
tese "custe o que custar, doa a quem doer".
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