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Greves


Esta semana foi marcada por greves: primeiro do sector dos transportes e hoje há greve da Função Pública.
O descontentamento relativamente ao Orçamento de Estado para 2014 alastra e muitos trabalhadores da Função Pública recorrem a um instrumento de protesto: a greve.
Existe, contudo, uma outra espécie de descontentamento, relativamente às greves. O prejuízo para quem necessita de utilizar os transportes públicos e serviços do Estado (hoje) não deve ser descurado. Infelizmente, é descurado pelos responsáveis pelas medidas que subjazem às greves.
A revolta que se instala contra quem faz greve esmorece no que toca às políticas do Governo, protegido pelo Presidente da República e pela ditadura da inevitabilidade.
É inquestionável que as greves causam transtornos e prejuízos. No entanto, não nos devemos esquecer que quem está a provocar uma verdadeira tragédia social não são os trabalhadores, muito pelo contrário - a luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho, por salários dignos, e pelo respeito por direitos que hoje estão a ser destruídos é uma luta que tem implicações na vida de todos nós: daqueles que trabalham e que vêem os seus direitos serem postos em causa, nada ganharão com o nivelamento por baixo, muito pelo contrário; e de todos os cidadãos que necessitam de serviços públicos de qualidade que são uma impossibilidade a partir do momento em que se desinveste nesses serviços públicos, despedindo, destruindo direitos, abrindo as portas àqueles que apenas se importam com o lucro.
O nosso silêncio representa uma carta branca para um inquestionável retrocesso social.

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