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Os interesses

Não raras vezes questiona-se as razões que subjazem às políticas que são seguidas. Para além de orientações ideológicas, em Portugal e noutros países sob programas de "assistência", a razão prende-se com um aparente despesismo e ausência de um pretenso trabalho de casa feito por países como a Alemanha. Consequentemente, as contas públicas descontrolaram-se, em virtude de Portugal se ter vivido acima das suas reais capacidades. Subsequentemente, o Estado deixou de ter a capacidade de se financiar nos mercados.
Depois do chumbo do PEC IV que já preconizava cortes nas despesas sociais e nos salários, surgiu a oportunidade tão desejada. Agora sim seria possível aplicar medidas ansiadas no âmbito do Estado Social e dos salários. Alguns dirão que o primeiro-ministro Passos Coelho mostra ter sentimentos negativos em relação a funcionários públicos e pensionistas. Não sei se tem. O que me parece evidente é que Passos Coelho mais não faz do que aquilo que uma determinada cartilha manda fazer: cortes nos salários, pressão sobre o desemprego, aumento da precariedade e transferências de áreas sociais para as mãos do privado fazem parte da cartilha. A ideia é simples e prende-se com um aumento das margens de lucros do capital.
Além do mais, atente-se à transformação da crise do sector financeiro em 2008 numa crise das dívidas soberanas. A transformação de um problema real num problema em larga medida fictício como forma do grande capital não sair prejudicado, muito pelo contrário. Tem sido o neoliberalismo a viabilizar estas transferências.
Em suma, a razão que está subjacente às políticas que têm transformado Portugal num país sub-desenvolvido prende-se com o interesse de sectores minoritários que contam com a coadjuvação de políticos como Pedro Passos Coelho, inseridos numa ideologia neoliberal.

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