A ideia de que o crescimento
económico, o novo rumo, o decréscimo da taxa de desemprego ou a ideia de
que os sacrifícios valem mesmo a pena são insuficientes para esconder o
retrocesso que marca estes últimos dois anos. Um retrocesso deliberado,
ideológico e muito para além da troika que, aliás, intervém graças, em
larga medida, à avidez de Passos Coelho e de Paulo Portas. Recorde-se que
até o governo alemão almejava uma solução que não passasse por FMI, BCE e
Comissão Europeia.
A desvalorização salarial, por alguns
inevitável por se tratar da única desvalorização interna possível,
constituiu um acentuado retrocesso social, a par do enfraquecimento das
relações laborais do ponto de vista do trabalhador. Por cá, recorde-se,
aumentam os empregos cuja remuneração ronda os 300 euros líquidos.
O
Estado Social e o seu deliberado e ideológico enfraquecimento com
cortes cegos na saúde, educação e prestações sociais. Um retrocesso e
mais uma forma de empobrecimento, empobrecimento esse tão caro a Passos Coelho.
Os
cortes nas pensões e reformas, injustos e atrozes. Mais um retrocesso
que atinge quem ajudou a construir este país, contribuindo para um logro,
sendo agora na velhice, quando já não pode aumentar as suas
remunerações, atingindo com cortes.
O desemprego,
consequência directa de políticas que revelam um desprezo gritante pelos
cidadãos. A ausência de futuro - o maior retrocesso.
A
democracia e a sua constante fragilização, numa prova cabal que não
existe a possibilidade de se preservar o sistema democrático com
políticas de cariz neoliberal.
Os privilégios. A manutenção da casta. A
preservação e agravamento da promiscuidade entre poder político e
económico - promiscuidade que acentua o retrocesso social que atinge a
vida da maioria.
Em finais de Setembro os cidadãos são
chamados às urnas. São eleições autárquicas que também representam um
forma de punir aqueles que promovem o retrocesso social, aqueles que
manifestam um desprezo hediondo pelos cidadãos, aqueles que ainda se
riem da nossa cara.
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