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Um novo rumo

O Governo moribundo e ainda assim remodelado procura agora mostrar-se empenhado em seguir um novo rumo, não abandonando, claro está, a austeridade que tanta excitação provoca em Passos Coelho e nos seus superiores hierárquicos.
O novo rumo centrar-se-á no investimento, na criação de emprego e no crescimento económico. Paralelamente, os cortes no Estado Social, nos salários e pensões continuarão a ser apanágio deste Governo, mesmo com Paulo Portas à frente dos destinos do Governo - o representante do "protectorado".
Quando se fala de investimento, de criação de emprego e de crescimento económico (crescimento que beneficia quem exactamente?) espera-se encontrar um determinado contexto favorável à concretização dessas ambições. Ora, o actual Governo nada fez em prol de captação de investimento, da criação de emprego e do crescimento económico. O contexto fiscal português é marcado pela incerteza, já para não falar das assimetrias fiscais que prejudicam muito a classe média e os pequenos e médios empresários; a justiça é morosa e inoperante; a burocracia é endémica; o jogo é desleal fruto da corrupção e da promiscuidade entre poder político e poder económico. Estamos, portanto, longe, muito longe, de reunir condições favoráveis às agora propaladas ambições do Governo. Por outro lado, o investimento público que arrasta consigo investimento privado é inexistente e a concessão de crédito às empresas, sobretudo às pequenas e médias, é manifestamente escassa.
Por outro lado ainda, a austeridade veio para ficar. Este Governo mostra-se indisponível para adoptar uma postura contundente em matéria de negociações, preferindo encostar-se à tese da inevitabilidade.
Finalmente, os últimos anos, sobretudo os últimos dois, foram dramáticos para o país: não obstante os sacrifícios pedidos, nenhum indicador é particularmente favorável. O país está de rastos e continua rumo ao abismo. A saída de Gaspar, como se sabe, não foi propriamente fruto do acaso.

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