É este o tema do debate quinzenal a ter lugar na Assembleia da República. O Governo irá munido de um superpacote fiscal de apoio ao investimento que beneficiará escassas empresas - exportadoras - as que ainda podem investir. Uma medida aliás anunciada há algumas semanas.
É num país que soçobra à força da austeridade que o Governo se mostra disposto a apoiar o crescimento e o emprego. Resta saber como é que se procederá ao milagre de conciliar austeridade em doses cavalares e crescimento real da economia - um crescimento transversal, que não deixe de fora os do costume.
Enquanto se fala de investimento, crescimento, competitividade e afins, o empobrecimento segue o seu rumo. O Governo, na pessoa de Passos Coelho e Vítor Gaspar, é um indefectível defensor de cortes nas pensões, num país em que quase 90 por cento dos pensionistas da Segurança Social recebem menos de 500 euros por mês; e na Caixa Geral de Aposentações (pouco mais 400 mil pensionistas) nem um por cento recebe mais de 3000 euros mês.
É no anódino suporte de tantos desempregados - os pais e avós -, muitos que já não recebem qualquer subsídio, que o Governo quer atacar.
Nos juros que o país paga por uma dívida opaca, ninguém toca; nas isenções fiscais cujo peso no orçamento de Estado surpreende, também não.
As transferências milionários de dinheiro para a banca faz escola em Portugal; a palavra renegociação contém em si mesma um anátema.
O empobrecimento vai fazendo o seu caminho, com o desemprego, a desvalorização salarial, a precariedade, os cortes nas pensões e a destruição do Estado Social. No Parlamento, fala-se de competitividade, crescimento e emprego. As incompatibilidades são uma evidência. Só não vê quem não quer.
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