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Um país acossado

O chumbo do Tribunal Constitucional (TC), envolto numa inusitada ausência de respeito institucional por parte do Governo, serve agora de pretexto para mais medidas de austeridade.
A reacção das instituições europeias não se fez esperar. Habituados a ter no Governo português um parceiro perfeito, este volte-face não agrada a quem está habituado a tudo impor.
Resta então acossar ainda mais o país, apontando uma miríade de alternativas com o pretenso objectivo de cobrir o que advém da anulação do TC. Não assistimos a tanta celeuma com os falhanços de Vítor Gaspar que representam muito mais do que o valor que resulta do chumbo do TC.
Um país que já vivia acossado sofre agora nova investida quer pelas instituições europeias, quer pelo Governo português que vê neste chumbo do TC mais uma oportunidade de escamotear os seus próprios erros e nova oportunidade de aplicar mais um golpe no Estado Social.
Voltamos assim a viver um novo período em que a chantagem (incluindo a que assistimos por parte de um primeiro-ministro ao TC) vai entrando pelas nossas casas adentro. Os comentadores de pacotilha aguçam os seus fracos espíritos; o Governo volta a transformar um problema de sua responsabilidade num problema causado por outros, desta vez pelo Tribunal Constitucional.

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