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O rídiculo e a dramatização

Diz-se que o rídiculo não mata. Não terá sido tanto assim no caso de Miguel Relvas. O rídiculo não terá sido a única razão a justificar o seu afastamento, mas seguramente contribuiu para a acentuada fragilização do ministro.
Por outro lado, as decisões do Tribunal Constitucional poderiam ter constituído mais um revês para o Governo que ficou espantado com a dimensão dos chumbos. Porém, também não será bem assim. Depois do chumbo de quatro medidas surge agora o processo de dramatização que teve o seu expoente máximo nas declarações de Passos Coelho ontem ao final do dia.
Com efeito, o chumbo do Tribunal Constitucional serve essa dramatização; serve para escamotear os erros do Governo; serve para lavar a imagem marcada pela incompetência do Executivo de Pedro Passos Coelho.
Doravante, todos os erros, todas as previsões falhadas, são consequência da decisão do Tribunal Constitucional. Subitamente tudo está ameaçado. Não há outra alternativa, tem de se mexer no Estado Social (um dos grandes objectivos do Governo) e voltar a cortar no rendimento disponível. O Tribunal Constitucional passa a ser o bode expiatório.Vivemos tempos difíceis e vergonhosos.

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