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O Governo de Passos Coelho enfrenta nova moção de censura, desta feita pela mão do Partido Socialista. Já vamos para a quarta moção de censura.
A moção de censura afasta ainda mais o Governo do maior partido da oposição, embora esse afastamento seja visto amiúde como sendo insuficiente.
A dificuldade do Partido Socialista prende-se com a indefinição do seu próprio ideário. O milagre de conjugar políticas não muito díspares daquelas que têm sido levadas a cabo pelo actual Governo - sob os auspícios da Troika - e o crescimento económico continua a fazer parte do discurso do Partido Socialista.
Hoje já se critica com maior veemência o acordo com a Troika, mas ainda assim as críticas continuam a ser tímidas e as alternativas insuficientes.
Percebe-se a dificuldade do Partido Socialista - quer distanciar-se dos partidos da coligação que formam o Governo e, simultaneamente, não se quer aproximar dos restantes partidos de esquerda com assento parlamentar - anda por ali à procura de um meio-termo cada mais difícil de encontrar.
Hoje o PS apresenta a sua moção de censura, uma forma de mostrar o seu distanciamento em relação às políticas do Governo, mas como se afirmou ao longo deste texto, esse distanciamento ainda é insuficiente. De resto, o Partido Socialista faz parte integrante de um sistema político que tem vindo a liderar os destinos do país; um sistema caracterizado pela partidocracia, pela promiscuidade entre poder político e poder económico, caracterizado pela corrupção, por uma mentalidade serôdia, pela inépcia. Durante a liderança de António José Seguro, o PS não mostrou afastar-se um milímetro desse tal sistema.

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