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A triste realidade

A realidade pode ser triste, mas nem por isso deixa de ser realidade e como tal não merece ser ignorada. Contudo, o Governo vive alheio a essa realidade; vive alheio à realidade do país.
De resto, a Europa diz esfola e o Governo contrapõe com o "mata". Todas as negociações do Executivo de Passos Coelhos assentam nesta premissa. A realidade essa vai sendo ignorada.
Diz-se que as dificuldades que vivemos são consequência das políticas impostas pelos credores. Todavia, não podemos ignorar a importância das negociações e o facto de quem negoceia ser ou não capaz de analisar a realidade. Ora, este Governo negoceia procurando ir mais longe do que os credores, ignorando totalmente a realidade - essa parece ser uma variável que não entra na equação de Vítor Gaspar.
Numa negociação quem aparentemente se encontra numa posição mais fragilizada encontra, se tiver essa capacidade e se for esse o seu desejo, argumentos a seu favor - em última instância argumentos que advogam rupturas. Não é esta a posição do Governo.
Por outro lado, o silêncio - o silêncio de todos nós, intercalado por episódios raros em que se grita "basta", invalida qualquer solução. O silêncio. Terá sido sob a égide do silêncio que foram cometidas verdadeiras atrocidades ao longo da História. Por falar em História, não esquecer que esta é simplesmente esquecida por todos - pelo Governo, pela Europa.

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