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Geração perdida

Martin Schulz, Presidente do parlamento europeu, avisa que a Europa salvou os bancos, mas "arrisca-se a perder uma geração". Martin Schulz é modesto quando fala apenas numa geração, basta olhar para o sul da Europa, em particular para os países que estão sob "auxílio" financeiro, para perceber que não se trata de uma geração perdida, mas de várias.
Contudo, compreende-se a frase do Presidente do parlamento europeu. Schulz refere-se aos mais jovens para quem o flagelo do desemprego é uma realidade gritante e transversal a uma boa parte dos Estados-membros. As consequências de níveis monstruosos de desemprego entre os jovens está já a moldar a UE, condicionando fortemente o seu futuro. Essa factura custará muito mais do que aquilo que se possa imaginar.
Fazendo justiça às palavras do Presidente do parlamento europeu, a pergunta que se impõe é a seguinte: de forma se constrói uma União Europeia quando há, pelo menos, uma geração perdida?
Poucos parecem, para já, interessados na resposta, uma resposta que põe forçosamente em causa o modelo económico vigente na Europa, designadamente na Zona Euro. É esse modelo económico que as elites europeias não querem ver ameaçado, ao mesmo tempo que se subjugam inexoravelmente aos ditames do modelo económico vigente, contra todas as evidências, ignorando todas as consequências.

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