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Austeridade excessiva

Segundo um estudo da associação internacional de bancos, a austeridade na Grécia é excessiva, em particular se comparamos as medidas aplicadas no contexto helénico e na Irlanda. O estudo, da associação internacional de bancos - nunca é demais salientar os autores deste estudo -, defende um ajustamento semelhante ao ajustamento que se tem verificado na Irlanda.
Ora, são muitas as vozes que chamam a atenção para os efeitos indubitavelmente negativos da austeridade em doses cavalares, mas não deixa de ser curioso ver o próprio sector financeiro defender essa mesma posição.
Por cá, entre aumentos de prazos para o ajustamento - aumentos esses sempre rejeitados pelo Governo - e discussões prolongadas sobre onde cortar, os efeitos negativos da austeridade que têm vindo a destruir o tecido social dos países é pouco discutido por quem nos governa.
Por cá, a austeridade excessiva é conceito de somenos para o Governo que só por força da realidade, e ainda assim, quando os seus próprios falhanços são evidentes e impossíveis de escamotear, é que mostra alguma abertura para aligeirar os efeitos dessa austeridade; abertura essa tem sido, até ao momento, manifestamente insuficiente.
De resto, faz toda a diferença ter um governo que se apercebe atempadamente que a receita está a falhar e um Governo que, ideologicamente cego, insiste nessa mesma receita. Os resultados estão à vista de todos.

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