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A tibieza das instituições europeias

A resposta da Europa à crise que assola muito em particular as chamadas economias periféricas continua a pautar-se por uma inexorável tibieza que se justifica em larga medida com a cegueira ideológica das economias mais fortes.
Outro sintoma de uma Europa fraca é o apoio, tímido como não poderia deixar de ser, da Zona euro aos ajustamentos dos prazos de reembolso dos empréstimos europeus. Esta é uma tímida possibilidade, mas sem deixar cair as doses cavalares de austeridade. Ou seja, a flexibilidade - a verificar-se - é mínima e a ortodoxia económica continua a ditar os destinos dos povos europeus.
Tudo o que poderia fazer uma verdadeira diferença no combate à crise criada pelos protegidos destas mesmas instituições europeias é simplesmente ignorado: uma mudança de filosofia do próprio BCE, deixando cair a sua paixão pelos mercados para olhar para os países; a existência de um verdadeiro orçamento europeu - possibilidade, como se tem visto, cada vez mais remota; a transformação do Banco Europeu de Investimento num verdadeiro banco de investimento e apoio aos Estados-membros; a uniformização fiscal; a continuação do combate às assimetrias sociais e qualquer aproximação política à própria economia.
A tibieza das instituições europeias resulta dos egoísmos e de tentativas de domínio de alguns países, desta feita económico, assentes em premissas ideológicas absolutamente caducas, sempre prontos a atacar os "irresponsáveis", porém esquecidos dos seus próprios fantasmas.
Qualquer mudança só pode ser imposta pelos povos, mas essa é, como também se tem constatado, uma possibilidade ainda remota.

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