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A Era do conforto

O pós-guerra, até aos anos 70, foi marcado por tentativas de instaurar uma era de conforto nos países ocidentais. A existência de dois blocos - um capitalista, outro comunista - assim o obrigava; a preponderância de verdadeiras lideranças políticas aliadas a uma corrente económica keynesiana faziam do conforto um objectivo a atingir. A valorização salarial, a consolidação de Estados providência, o avanço social foram o resultado dessa era de conforto.
A partir dos anos 70, com particular acuidade nos anos 80 e 90, sobretudo com o final da influência comunista, muda-se de paradigma económico e faz-se da inflação o mal de todos os males. Começa o fim da era do conforto que se agudizou incomensuravelmente nos últimos quatro anos.
Assim, a desvalorização salarial, o desmantelamento dos Estados providências apelidados incessantemente de insustentáveis e o retrocesso social vão fazendo o seu caminho com a conivência de políticos vazios e rendidos aos pretensos encantos dos mercados.
Portugal chega invariavelmente tarde a tudo e também chegou tarde à criação do Estado providência que permitia fazer o país começar a entrar nessa era de conforto quando a mesma já começa a dissipar-se. Quem hoje governa o país, apoiados no ultraliberalismo que tomou conta da Europa, está decidido a pôr um ponto final na era do conforto. a anódina era do conforto. Até o salário mínimo é demasiado elevado para o primeiro-ministro.

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