Avançar para o conteúdo principal

A fotografia do desespero

A fotografia corre o mundo, em particular através das redes sociais. Centenas de Gregos, em desespero, a procura de comida. Agricultores que numa acção de protesto distribuíram vegetais, razão suficiente para centenas de Gregos se dirigirem aos camiões em busca de comida. Como de resto é sobejamente afirmado, uma imagem vale mais do que mil palavras - http://www.publico.pt/mundo/noticia/o-desespero-por-comida-na-grecia-fixado-numa-fotografia-1583713#/0.
A fotografia foi tirada num país europeu, num Estado-membro da União Europeia cuja miséria já se confunde com aquele que tem marcado países fora da esfera europeia. A fome instalou-se na Grécia e começa a fazer o seu caminho noutros países europeus, subitamente assolados por uma crise que começou por ser financeira e passou rapidamente a ser designada por crise das dívidas soberanas. Nenhuma daquelas pessoas pode ser responsabilizada por esta crise.
Na verdade, as fotografias que espelham este desespero não podem deixar ninguém indiferente. Infelizmente, é a indiferença a marcar as instituições europeias e muitos Estados-membros.Paralelamente impõe-se a aplicação das políticas mais contraproducentes e draconianas que se possa imaginar.
A fotografia que expõe ao mundo este desespero será sempre escamoteada por tentativas de responsabilização dos Gregos por todo o mal que se abateu sobre o seu país. Há uma multiplicidade de argumentos e de factos já por aqui explanados que permitem refutar essa ideia tantas vezes explorada.
No cômputo geral, a questão que se impõe é a seguinte: o que é que aconteceu ao projecto europeu que visava, entre outras coisas, combater as assimetrias sociais entre os diferentes Estados-membros para que a paz fosse uma realidade? Como é que a Europa, no alto da sua altivez e ignorância, olha para a preponderância de partidos como a Aurora Dourada no cenário político grego? São estes partidos que fazem o seu caminho lado a lado com o desespero de um povo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa