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Palavras

Cavaco Silva deixou algumas mensagens na sua intervenção de novo ano. Referiu que os sacrifícios não serão iguais para todos; falou da necessidade do país crescer, deixando críticas veladas às doses cavalares de austeridade. Foram palavras, mensagens, num país cansado e pessimista.
O Presidente da República acrescentou ainda que enviou o Orçamento para o Tribunal Constitucional, em sede de fiscalização sucessiva, depois de o ter promulgado. Segundo Cavaco Silva a não promulgação do Orçamento de Estado abalaria a imagem externa, embora o mesmo suscite dúvidas no Presidente.
As palavras de Cavaco não são consequentes, em particular quando a imagem do Presidente não sai incólume desta trapalhada chamada governação, sobretudo porque todas as suas acções redundam numa conivência que legitima a acção do Governo.
Crescimento económico num contexto de aplicação de doses cavalares de austeridade é uma mera ilusão e Cavaco Silva teve várias oportunidades de intervir. Não o fez. Consequentemente, as críticas mais ou menos veladas ao rumo que o país tem levado são também críticas à sua própria actuação como Presidente da República.

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