Avançar para o conteúdo principal

O Natal que merecíamos

Terá sido este o Natal que merecíamos? Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro, acredita que não, acredita que "este não foi o Natal que merecíamos".
Depende. Cada caso é um caso. Se pensarmos na persistência do erro que se traduz na escolha reiterada dos mesmos partidos políticos de quatro em quatro anos, enquanto se passa o tempo restante alheado, eternamente, alheado do que se passa em redor, talvez o Natal tenha sido o expectável, eventualmente não o merecido, mas o expectável.
Dir-se-á que a crise deixa pouca margem para a construção de um outro país. Mais uma vez não será bem esse o caso. De resto, atente-se a alguns exemplos, até mesmo no seio da União Europeia, de países que escolheram outros caminhos diametralmente opostos ao do masoquismo.
Por aqui, escolhe-se o caminho da dor, esperando uma redenção qualquer que nunca chegará. Por aqui, sentimo-nos responsáveis por ter vivido acima das nossas possibilidades, enquanto a casta (económica, financeira e política) passa pelos pingos da chuva. Por aqui, brinca-se à justiça e com a justiça. Por aqui assiste-se a atropelos à democracia num clima de serenidade. Por aqui sofre-se em silêncio ao mesmo tempo que a miséria nos acossa. Por aqui escolhe-se a inércia aliada, como sempre, à ignorância promovida por boa parte da comunicação social. Por aqui ainda sorrimos quando ouvimos histórias de corruptos e de chicos-espertos.
"Este não foi o Natal que merecíamos". Mas terá sido o Natal expectável.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...