Avançar para o conteúdo principal

A difícil condição de Paulo Portas

Depois da entrevista na TVI em que o primeiro-ministro elucidava o país sobre o seu número dois e número três (Paulo Portas), depois das hesitações, confusões, dissimulações e afins acerca do Orçamento de Estado, confirma-se a difícil condição de Paulo Portas, na qualidade, bem entendido, de líder do partido minoritário da coligação que forma o Governo.
Agora Paulo Portas, o patriota que parece tudo aguentar em nome do interesse nacional, afirmou que a voz do CDS, no que diz respeito ao Orçamento de Estado, "não foi suficientemente ouvida", situação que, sublinha, não se repetirá.
As afirmações de Portas visam atingir dois objectivos: sossegar as hostes internas que estão a ver a vida do partido andar para trás e sair desta situação de cara lavada, fazendo lembrar um pouco a velha história do polícia bom e do polícia mau - no caso, o CDS terá sido o polícia bom que, num contexto de inevitabilidade, ainda tentou conceber um orçamento menos oneroso para os Portugueses.
Paulo Portas, comprometido com o orçamento, não terá a sua vida futura facilitada. Os riscos são evidentes. Adianto apenas um - o CDS corre o risco de deixar de ser o partido do táxi para passar a ser o partido da bicicleta.
Quanto ao parceiro de coligação, parece imperar o princípio da reciprocidade: "tu tratas-me mal e eu não me fico atrás". Tudo em nome do interesse nacional, claro está.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...