Para além dos números da adesão à greve geral e das divergências habituais em torno desses números, importa sublinhar as mensagens que esta greve passou. De resto, a greve foi a expressão do descontentamento daqueles trabalhadores que puderam fazer greve, não esquecendo que muitos não puderam aderir, pelas mais variadas razões. Tratou-se de um exercício de manifestação do descontentamento de trabalhadores, pensionistas, desempregados que se insurgem contra a desvalorização do custo do trabalho, a aniquilação do Estado Social, o retrocesso social imposto quer por estas vias, quer pela via de um estrangulamento fiscal sem precedentes que se avizinha.
Não deixa de ser curioso ver o primeiro-ministro elogiar quem não fez greve e foi trabalhar. Esquece-se o primeiro-ministro que muitos gostariam de ter aderido ao protesto, mas não o puderam fazer por razões que todos conhecemos. O Presidente da República, por sua vez, não se coibiu de referir que também estava a trabalhar, quando nós pensávamos que Cavaco Silva se tinha perdido para sempre no Facebook. Frases infelizes proferidas por quem ainda se mantém inacreditavelmente no poder.
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