Avançar para o conteúdo principal

A entrevista

Confesso que não vi a entrevista do primeiro-ministro na totalidade, não me prestei a esse exercício de sadismo. Ainda assim, vi excertos da entrevista nos vários blocos noticiosos. O suficiente para perceber que se tratou de mais uma oportunidade para o primeiro-ministro mostrar a sua fidelidade canina à ideologia por ora dominante, num misto de intransigência, inanidade e indiferença perante o sofrimento dos seus concidadãos. "Vai custar, nunca disse que ia ser pêra doce", disse Pedro Passos Coelho.
Infelizmente, o primeiro-ministro, que não excluiu a possibilidade de encetar mudanças profundas no Estado Social, designadamente na Educação, afirmando que não é possível não ir aos apoios sociais, vai contando com a inércia do povo que governa.
Este primeiro-ministro é um executante de políticas desejadas há muito tempo por alguns; políticas essas que redundam em alterações profundas no Estado Social, na Administração Pública num sentido genérico, e nos direitos de quem trabalha. O retrocesso daí resultante é apanágio de uma ideologia, acredito que minoritária em Portugal, mas ainda assim uma ideologia perfilhada por quem detém o poder económico e, por ora, o poder político.
As dificuldades orçamentais, as dívidas, a troika, a crise (cuja origem já todos esquecemos) constituem o cenário ideal para aplicação dessas alterações profundas, umas já a caminho da consolidação, outras na calha para serem aplicadas.
Passos Coelho é um executante a prazo. Não será reeleito, mas também não será esse o objectivo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa