Avançar para o conteúdo principal

Remodelação

Pede-se, exige-se uma remodelação no seio do Executivo. Os primeiros a fazê-lo são membros dos partidos que formam a coligação, em particular do PSD. A ideia parece ser: a casa está podre, a cair, mas vamos remodelá-la na esperança de aguentar o edifício mais uns tempos, mesmo sabendo que os alicerces estão demasiado afectados. A ideia de se edificar um novo projecto político é manifestamente ideia que não convence uma boa parte da classe política.
Acena-se com o perigo da instabilidade política; recorda-se o periclitante caso grego; só falta chamar à colação a chegada do Apocalipse. Vale tudo para se evitar uma crise política. Tanto faz que a crise económica e social estejam a ganhar dimensões incomensuráveis. O que importa é evitar uma crise política.
O Governo recua na Taxa Social Única, no sentido de apaziguar os ânimos, embora seja evidente que outras alterações fortemente penalizadoras para a moribunda classe média estejam na calha.
Os cidadãos mostram um cansaço relativamente ao Governo, relativamente às difíceis condições de vida, em relação a toda uma classe política, em relação à mais do que exasperante ausência de esperança. As manifestações dão sinais de serem cada vez menos pacíficas. O Presidente da República afasta a todo o custo o cenário de crise política - será seguramente um dos tais que acredita que os alicerces da casa ainda estão em condições para a manter em pé.
De uma coisa podemos estar certos: a remodelação poderá, no melhor dos cenários, acalmar temporariamente os ânimos. Porém, já se terá esticado demasiado a corda e são muitos os que querem ver a casa ir abaixo, para no seu lugar se edificar uma outra coisa qualquer que lhes restitua a esperança no futuro.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa