O anúncio de que o Banco Central Europeu pode comprar dívida aos países, beneficiando inclusivamente aqueles que estão sob "ajuda" externa tem motivado algum entusiasmo. Aparentemente trata-se de um sinal de alguma mudança na filosofia que rege o sistema monetário europeu. Aparentemente. A insuficiência da medida é evidente e a única certeza é que medidas desta natureza interferem com os nervos da Alemanha que promove políticas que ao longo dos anos têm contribuído para o aumento do desemprego na Europa numa clara tentativa de manutenção de baixos salários. Pelo caminho impulsionou-se o endividamento beneficiando a Alemanha, a mesma Alemanha que encontrou na Zona Euro um mercado de decisivo para a sua própria economia. Depois de uma Europa, em particular no Sul, mas não só, secar, a China vai fazendo as vezes de outros países europeus, anteriormente olhados como mercados apetecíveis. Pelo caminho ainda, alimentou-se e alimenta-se a voracidade do sector financeiro.
Por cá, o país atravessa dificuldades incomensuráveis. Longe de alcançar as metas a que se propôs, o Governo insiste - à semelhança da Troika - na aplicação de mais medidas de austeridade, não descartando um possível aumento de impostos, numa altura em que se fala numa alteração aos escalões de IRS, prevendo-se a sua redução.
As percepções de que não há outro caminho para um país fortemente endividado esbarram na dura realidade do dia-a-dia e numa dolorosa inexistência de perspectivas de futuro. A inacção que tanto nos caracteriza encontra no medo de não cumprir com o que nos dizem ser fundamental um parceiro ideal.
Outros preferem enaltecer que o problema é o Estado Social, insistindo na tese de que há demasiadas pessoas a viverem sob assistência do Estado, criando gravosas injustiças. Estas afirmações ignoram o peso do Estado Social na economia do país, sobretudo comparando com outros países da UE, e ignoram sobretudo a existência de outras despesas, essas sim, supérfluas; ignoram a incapacidade do Estado fazer face aos grandes interesses; esquecem mesmo a promiscuidade entre Estado e sector económico; esquecem, no essencial, que haverá onde se possa poupar sem ferir a dignidade daqueles que já estão em dificuldades. Uma coisa é falar-se de aperfeiçoamento do Estado Social, abordar-se a questão da eficiência e da justiça das políticas sociais, outra é pôr-se incessantemente em causa um elemento que consolida os próprios sistemas democráticos e que garante os objectivos da própria política - objectivos esses, recordo, que se centram no bem comum.
As percepções são, obviamente, variadas. Porém, a percepção do "tem de ser" que esbarra na dura realidade e a desinformação, ou falta de informação contribuem para uma clima de apatia aliado ao tão nosso característico eterno sofrimento que não deixa espaço para mais nada, isto num país sem qualquer projecto de futuro.
O ânimo em torno da percepção de que as coisas estão a mudar graças à decisão do BCE e a possibilidade do Banco Central emprestar directamente dinheiro a Portugal está muito longe de ser suficiente para ultrapassarmos as dificuldades presentes. Um bom princípio seria o abandono do estado de apatia, a procura de informação para fundamentar as decisões, a recusa em aceitar tudo o que nos é imposto numa postura de subserviência que nos humilha a todos.
Por cá, o país atravessa dificuldades incomensuráveis. Longe de alcançar as metas a que se propôs, o Governo insiste - à semelhança da Troika - na aplicação de mais medidas de austeridade, não descartando um possível aumento de impostos, numa altura em que se fala numa alteração aos escalões de IRS, prevendo-se a sua redução.
As percepções de que não há outro caminho para um país fortemente endividado esbarram na dura realidade do dia-a-dia e numa dolorosa inexistência de perspectivas de futuro. A inacção que tanto nos caracteriza encontra no medo de não cumprir com o que nos dizem ser fundamental um parceiro ideal.
Outros preferem enaltecer que o problema é o Estado Social, insistindo na tese de que há demasiadas pessoas a viverem sob assistência do Estado, criando gravosas injustiças. Estas afirmações ignoram o peso do Estado Social na economia do país, sobretudo comparando com outros países da UE, e ignoram sobretudo a existência de outras despesas, essas sim, supérfluas; ignoram a incapacidade do Estado fazer face aos grandes interesses; esquecem mesmo a promiscuidade entre Estado e sector económico; esquecem, no essencial, que haverá onde se possa poupar sem ferir a dignidade daqueles que já estão em dificuldades. Uma coisa é falar-se de aperfeiçoamento do Estado Social, abordar-se a questão da eficiência e da justiça das políticas sociais, outra é pôr-se incessantemente em causa um elemento que consolida os próprios sistemas democráticos e que garante os objectivos da própria política - objectivos esses, recordo, que se centram no bem comum.
As percepções são, obviamente, variadas. Porém, a percepção do "tem de ser" que esbarra na dura realidade e a desinformação, ou falta de informação contribuem para uma clima de apatia aliado ao tão nosso característico eterno sofrimento que não deixa espaço para mais nada, isto num país sem qualquer projecto de futuro.
O ânimo em torno da percepção de que as coisas estão a mudar graças à decisão do BCE e a possibilidade do Banco Central emprestar directamente dinheiro a Portugal está muito longe de ser suficiente para ultrapassarmos as dificuldades presentes. Um bom princípio seria o abandono do estado de apatia, a procura de informação para fundamentar as decisões, a recusa em aceitar tudo o que nos é imposto numa postura de subserviência que nos humilha a todos.
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