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Contestação III

O líder do principal partido da oposição, António José Seguro, fez, porventura, a declaração mais dura desde que está na liderança do Partido Socialista. Para além de ter anunciado a intenção do seu partido chumbar o Orçamento de Estado, Seguro foi mais longe e anunciou que, se o Governo não recuar nas alterações à Taxa Social Única, o Partido Socialista apresentará uma moção de censura.
Passos Coelho procurou fazer a defesa das suas medidas numa entrevista à RTP. Teve contra si a tibieza dos argumentos ou até mesmo a inexistência de linha de argumentação e dois jornalistas que, longe de causarem estragos significativos, ainda assim incomodaram.
Está aberta uma crise política, quanto a isso, não restam dúvidas. Resta saber se a manchete do jornal Público, anunciando o fim da coligação depois da aprovação do Orçamento de Estado, tem algum fundo de verdade. Se assim for, a contestação ganha novas formas e terá consequências que poderão muito bem culminar com a queda do Governo.
Por outro lado, a contestação sai às ruas do país amanhã. O que inicialmente seria uma manifestação organizada por movimentos e que muito provavelmente contaria com as presenças habitais, transformou-se num verdadeiro teste ao Governo. A contestação sobe de tom, apesar da entrevista e tentativas de explicação do primeiro-ministro. Contestação que também se faz na rua, como o dia de amanhã seguramente demonstrará.

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