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Banco Central Europeu

Nunca se falou tanto do Banco Central Europeu (BCE) como nos últimos anos, pelas piores razões. Ainda ontem o Presidente da República Portuguesa fez as suas recomendações, designadamente sobre a necessidade do BCE comprar dívida pública portuguesa e irlandesa. O curioso é que o Banco Central Europeu é também o problema central da Europa - a sua arquitectura é uma das principais responsáveis pelo descalabro a que se assiste na Europa e, se nada for feito em sentido diametralmente oposto ao que tem sido feito, e será também co-responsável pela destruição do projecto europeu.
Os países da Zona Euro encontram-se particularmente vulneráveis à especulação. O BCE agarrado ao neoclassicismo económico alemão intervém o mínimo possível e quando intervém acautela com especial veemência os interesses dos mercados, não raras vezes em detrimento dos interesses dos países da Zona Euro.
Se o BCE e, sobretudo as instituições europeias, insistirem em manter a arquitectura do BCE, deixando os países entregues à voracidade dos mercados, sucumbindo ao medo da inflação, o rumo europeu está traçado e está longe de se coadunar com o projecto europeu.
Cavaco Silva urge o BCE a emprestar dinheiro a Portugal e à Irlanda, depois do Presidente do BCE, Mário Draghi afirmar que o BCE vai intervir no mercado de dívida pública. Este será um princípio interessante, mas não chega, enquanto não assistirmos a mudanças de fundo no BCE - longe da ortodoxia alemã, o que de facto parece pouco provável de vir a acontecer.

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