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Falências

Os números de falências de famílias e empresas é digno de registo e reflexão. No último semestre estima-se que dez mil famílias e empresas tenham entrado em processo de insolvência. Consequências dos difíceis tempos que atravessamos, dir-se-á. Em parte.
Importa lembrar a voracidade do sistema bancário e a ausência de qualquer estratégia por parte dos sucessivos governos, mais preocupados em alimentar essa voracidade com Parcerias Público-Privadas em artificialidades igualmente nefastas do que propriamente com o futuro do país. Não esqueçamos que o financiamento público e privado foram amiúde canalizados para projectos ruinosos. Quando o crédito começou a escassear, faltou financiamento para projectos mais exequíveis.
Por outro lado, a inexistência de uma estratégia quanto ao mercado de arrendamento, arrastou milhares de famílias para a compra de casa através de crédito bancário. O resultado também está à vista.
Quando a torneira jorrava água - leia-se crédito - a irracionalidade tomou conta de muitos, incluindo do próprio Estado que se arredou de possuir alguma estratégia de futuro neste particular, concentrando-se em canalizar financiamento para projectos ruinosos, enquanto mantinha os olhos fechados quer para a voracidade da banca, quer para as irregularidades cometidas no sector financeiro, com o total falhanço da regulação no caso BPN, por exemplo.

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