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Enfraquecimento do Estado Social

A pretexto da crise, da quase bancarrota do país - da qual Pedro Passos Coelho e os seus acólitos nos salvaram -, da insustentabilidade do sistema público, do facto dos privados conseguirem melhores níveis de eficácia, da mudança do mundo, e de outras presumíveis evidências, o Estado Social vai saindo enfraquecido.
Desta vez, o alvo são as urgências. Segundo um grupo de peritos, haverá doze urgências para fechar. A lógica insere-se quer na perspectiva economicista do que resta do Estado Social, quer na perspectiva de abertura de novos negócios na área da saúde. Quanto à qualidade de vida dos cidadãos, com especial incidência para quem vive no interior do país, essa questão simplesmente não se coaduna com as políticas de empobrecimento do Governo, sejam elas ou não suportadas por "peritos".
O que é facto é que tem sido graças ao Estado Social que as convulsões sociais em épocas de crise não foram significativas. Pense-se no que seria de muitos países se os mesmos fossem desprovidos de sistemas sociais nesta crise. Se a deterioração das condições de vida de muitos cidadãos europeus é bastante assinalável, imagine-se como seria essa deterioração sem uma rede de segurança social. O Governo português vai seguindo o caminho do enfraquecimento do Estado Social. As consequências poderão ser mais nefastas do que se espera.
Por enquanto o encerramento de doze urgências é apenas uma proposta, mas também é um proposta que se coaduna na perfeição com as políticas seguidas pelo Governo de Passos Coelho.

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