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Normalidade

Embora a deslocalização da sociedade que detém o grupo Jerónimo Martins seja encarada com desagrado, esse desagrado mistura-se com um sentimento de normalidade. Num contexto de economia aberta é normal que uma sociedade procure outras paragens. Pelo menos é mais ou menos nestes termos que se explica a saída da dita sociedade para a Holanda.
A normalidade é consolidada pela comunicação social que adopta a postura da inevitabilidade e o pensamento único. Quanto a mais esta anomalia da própria Zona Euro que permite que no seu seio exista concorrência fiscal, com clara desvantagem para os países periféricos, nem uma palavra. Importa, no entanto, sublinhar que o Partido Socialista já chamou a atenção para mais esta anomalia.
De todo o modo, a comunicação social, mesmo em matéria de opinião, encara este problema como fazendo parte do contexto de inevitabilidade que todos os dias nos pretende impingir. Se existem alternativas, as pessoas que as procurem em meios menos convencionais. Porventura aborda-se a incongruência patente no discurso de Alexandre Soares dos Santos e pouco mais,
Assim, esta é mais uma sociedade a sair do país. Seria interessante avaliar com maior profundidade casos semelhantes em países como a Grécia ou outros países periféricos e perceber o quanto países como a Holanda e a Alemanha - países que se empenham em promover a austeridade e em facultar o que eles chamam de ajuda - estão a ganhar com isso.

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