A crise que nos assola e que promete agravar-se no ano que se aproxima é analisada amiúde a partir de uma única perspectiva. Geralmente atribuem-se todos os males deste mundo e do outro a questões internas. Ora, o mal que nos atinge é consequência do mau funcionamento da Administração Pública, do excessos gastadores dos sucessivos Governos, da corrupção, da ineficácia da Justiça, etc. É evidente que existe um fundo de verdade em todas essas análises, mas o erro assenta no facto de ser uma análise demasiado redutora que esquece outros factores que são convenientemente ignorados.
É porventura mais fácil proceder a uma análise como a descrita em cima. De facto, é mais fácil dizer-se que todos os problemas do país são consequência do excesso de funcionários públicos e da incompetência de muitos desses funcionários; é mais fácil atribuir as culpas a políticos corruptos ou a juízes menos capazes; é mais simples dizer-se que se gastou acima das nossas possibilidades. Se o erro for atribuído a problemas internos, internamente os cortes indiscriminados serão mais facilmente aceites. No seguimento dos males apontados à Administração Pública e ao excesso de gastos do Estado, surge então o peso excessivo do Estado e a necessidade premente de se aplicarem cortes.
Pelo caminho esta maneira de ver as coisas ignora por completo outros elementos associados às crises soberanas. Ignoram-se os problemas do próprio sistema financeiro, designadamente dos grandes bancos; as incongruências da Zona Euro que já foram sobejamente assinaladas neste blogue; esquece-se, por exemplo, de referir que depois de 2008 quando os bancos cessaram a concessão de créditos entre si, as atenções viraram-se para os títulos de dívida soberana, com todas as consequências inerentes.
Nesta análise, ignora-se que dívida é esta de que tanto se fala, como foi contraída, em que moldes, o valor, quais os contratos que lhe subjazem e, claro está, por que razão foi contraída. Sem estas informações como é que se pode fazer uma análise correcta da crise? Sem se perceber que há factores que são externos que nos condicionaram e condicionam cada vez mais a nossa margem de manobra, as análises baseadas apenas na distribuição de culpas internamente são invariavelmente insuficientes.
Dito isto, não se pretende ignorar que o país vê-se, há largas décadas, confrontado com os problemas supra-indicados, apenas se pretende inferir que basear toda a análise da crise apenas nesses problemas não é profícuo nem corresponde à realidade. Paralelamente, basear-se toda a análise apenas nestas questões internas abre as portas para medidas que comprometem o próprio Estado Social - que é, segundo a versão oficial, demasiado oneroso e o qual é confundido propositadamente com outras despesas do Estado, essas sim, verdadeiramente faraónicas - e que não resolvem o problema de fundo.
Infelizmente a análise acima indicada não é mais do que a versão dos acontecimentos que faz as delícias da comunicação social e do próprio Governo que vê assim as suas missões, que passam pelo desmantelamento do Estado Social, pela retirada de direitos dos trabalhadores e por uma obsessão com os cortes, bem encaminhadas.
É porventura mais fácil proceder a uma análise como a descrita em cima. De facto, é mais fácil dizer-se que todos os problemas do país são consequência do excesso de funcionários públicos e da incompetência de muitos desses funcionários; é mais fácil atribuir as culpas a políticos corruptos ou a juízes menos capazes; é mais simples dizer-se que se gastou acima das nossas possibilidades. Se o erro for atribuído a problemas internos, internamente os cortes indiscriminados serão mais facilmente aceites. No seguimento dos males apontados à Administração Pública e ao excesso de gastos do Estado, surge então o peso excessivo do Estado e a necessidade premente de se aplicarem cortes.
Pelo caminho esta maneira de ver as coisas ignora por completo outros elementos associados às crises soberanas. Ignoram-se os problemas do próprio sistema financeiro, designadamente dos grandes bancos; as incongruências da Zona Euro que já foram sobejamente assinaladas neste blogue; esquece-se, por exemplo, de referir que depois de 2008 quando os bancos cessaram a concessão de créditos entre si, as atenções viraram-se para os títulos de dívida soberana, com todas as consequências inerentes.
Nesta análise, ignora-se que dívida é esta de que tanto se fala, como foi contraída, em que moldes, o valor, quais os contratos que lhe subjazem e, claro está, por que razão foi contraída. Sem estas informações como é que se pode fazer uma análise correcta da crise? Sem se perceber que há factores que são externos que nos condicionaram e condicionam cada vez mais a nossa margem de manobra, as análises baseadas apenas na distribuição de culpas internamente são invariavelmente insuficientes.
Dito isto, não se pretende ignorar que o país vê-se, há largas décadas, confrontado com os problemas supra-indicados, apenas se pretende inferir que basear toda a análise da crise apenas nesses problemas não é profícuo nem corresponde à realidade. Paralelamente, basear-se toda a análise apenas nestas questões internas abre as portas para medidas que comprometem o próprio Estado Social - que é, segundo a versão oficial, demasiado oneroso e o qual é confundido propositadamente com outras despesas do Estado, essas sim, verdadeiramente faraónicas - e que não resolvem o problema de fundo.
Infelizmente a análise acima indicada não é mais do que a versão dos acontecimentos que faz as delícias da comunicação social e do próprio Governo que vê assim as suas missões, que passam pelo desmantelamento do Estado Social, pela retirada de direitos dos trabalhadores e por uma obsessão com os cortes, bem encaminhadas.
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