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Margem para aumentos

Segundo o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, apesar dos aumentos previstos nas taxas moderadoras da saúde ainda há margem para novos aumentos. É evidente que muitos cidadãos não terão, eles próprios, margem para fazer face a esses aumentos, mas essa é uma questão de somenos, pelo menos para o Governo.
Dir-se-á que o Estado apoia as famílias mais carenciadas e que ninguém deixará de ter acesso à saúde por razões económicas. A realidade vai provar exactamente o contrário. Existem muitas famílias e indivíduos que pertencem à chamada classe média e que, por força das difíceis circunstâncias que todos conhecemos, têm dificuldades em chegar ao final do mês com dinheiro suficiente para fazer face às contas e para a própria alimentação. Estes cidadãos, por exemplo, não têm margem para suportar novos aumentos.
Alimenta-se o equívoco de que a classe média tem capacidade para suportar tudo e mais alguma coisa. No fundo, é disso mesmo que se trata, de um equívoco. Repito: há muitos cidadãos da chamada classe média que passam por dificuldades acrescidas e estes não podem contar com qualquer tipo de apoio, pelo contrário.
A margem de que fala Passos Coelho é um atentado ao bom senso. Uma grande maioria de Portugueses está encurralado, afundado em dívidas, em particular com o crédito à habitação, afundado em impostos e a sofrer um aumento acentuado do custo de vida.
Não há margens para aumentos, ainda para mais numa área em que as taxas moderadoras não têm como finalidade financiar o Sistema Nacional de Saúde. Mas como temos assistido nos últimos meses, vale tudo.

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