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Lágrimas por um ditador

A morte de Kim Jong-il, "Querido Líder" da Coreia do norte resultou numa comoção colectiva no país até episódios de quase histeria. Pelo menos foram essas as imagens que a televisão oficial do regime passou até à exaustão. O desaparecimento do "Querido Líder" provocou ainda episódios surreais, como o caso do aparecimento de pássaros que, aparentemente, também deslocaram-se para chorar a morte do ditador. Tudo raia o ridículo naquela terra.
O país, como em qualquer monarquia, ficou a cargo do filho mais novo do ditador. O país, ao que tudo indica, continuará a ser governado nos meus moldes de um dos regimes ditatoriais mais rígidos do mundo.
Em Portugal, a morte do "Querido Líder" também houve quem lamentasse a morte de um ditador que à semelhança do seu pai transformou a Coreia do Norte num país hermético e pobre. O PCP voltou a fazer das suas, enviando condolências a Pyongyang, destacando-se de outros partidos comunistas na Europa.
Ora, será sempre curioso observar um partido que internamente advoga as liberdades e a democracia, mostrando-se por vezes, ser um veemente defensor do sistema democrático, prestar condolências pela morte de um dos maiores ditadores da actualidade, alguém que precisamente suprimiu quaisquer liberdades, afastando-se o mais possível da democracia.
Em suma, são estas incongruências e outras que condenam o PCP a um anacronismo deplorável. De resto, nada disto provoca espanto, o PCP continua a ser um dos partidos comunistas mais ortodoxos e, amiúde, mostra-o.

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