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Ameaças

As famigeradas agências de rating continuam a fazer das suas. Então não é que agora ameaçaram que cortam o rating a 15 países da Zona Euro e do próprio Fundo de Estabilização. A crise começa a morder os calcanhares da própria Alemanha que, apesar de ser visada, na pessoa da inefável Chanceler Angela Merkel, optou por comentar a notícia de forma insípida, como, de resto, é a sua resposta habitual no que diz respeito às agências de notação financeira e outros lacaios do neoliberalismo. Teríamos assistido a uma reacção mais contundente se se tratasse de um comentário sobre saídas para a crise que não passem pela ortodoxia doentia que Merkel segue.
A ameaça das agências de rating vêm no seguimento de uma outra que prometia baixar o rating dos países que ainda conservam o triplo A. É curioso como é que pressões desta natureza são permitidas de ânimo leve por quem dirige os destinos da Europa e de muitos países da Europa. Nesta equação, nesta democracia enfraquecida, os cidadãos simplesmente não entram.
Espera-se agora - sem grande entusiasmo - pela cimeira de líderes europeus marcada para a próxima sexta-feira. Fala-se da necessidade de um novo tratado e vislumbra-se uma ainda mais acentuada perda de soberania dos povos europeus governados por tecnocratas que insistem em chafurdar numa ideologia caduca. Afinal de contas, os países com défices excessivos e com dívidas insustentáveis já estão sob jugo da Alemanha e da França, embora estes também tenham dívidas de fazer corar o mais pudico defensor das tão apregoadas medidas de austeridade.
Da cimeira não sairá qualquer solução, apenas mais do mesmo: austeridade, perda de soberania, retrocesso social e humilhação.

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