A Alemanha e França, os donos da Europa, preparam uma espécie de novo pacto de estabilidade entre os vários países da Zona Euro. Estes dois países parecem relativamente empenhados em encontrar formas de controlar mais eficazmente os orçamentos dos países que partilham a mesma moeda. Se - repito se - a Alemanha aceitar algumas alterações na arquitectura da moeda única, essas alterações virão seguramente acompanhadas por um controlo mais férreo das economias que compõem a Zona Euro.
Ora, o problema reside exactamente neste ponto. Procura-se fortalecer a "união" monetária, controlada em absoluto pela Alemanha, e qualquer esforço no sentido de fortalecer a união política remete-nos para o domínio da utopia. A Alemanha procura exercer um controlo mais férreo dos poucos instrumentos ao dispor dos Estados no sentido de impor uma ortodoxia cuja eficácia tem deixado muito a desejar.
Por outro lado, essa ortodoxia que bebe incessantemente do neoliberalismo e que está na génese e no funcionamento da moeda única falha a cada dia que passa. Todavia, esta parece ser uma questão de somenos para a Alemanha. A moeda única é um falhanço, assente na rigidez de um Banco Central Europeu com funções meramente anti-inflacionistas, assente nas divergências fiscais entre Estados-membros, longe de combater as assimetrias sociais e mais longe ainda de vir a ter um orçamento robusto. Sem uma mudança na arquitectura da moeda única o resultado será dramático. O caminho da Alemanha não é, como se vê, o enumerado acima. Na semana passada assistimos a um episódio paradigmático: Angela Merkel discursou mostrando a sua irascibilidade relativamente às eurobonds.
Assim, imagine-se que opinião têm aquela senhora da uniformização fiscal, da robustez do orçamento europeu, da mudança de natureza do BCE ou do combate às assimetrias sociais e, até quem sabe, ao papel mais activo do Banco Europeu de Investimento. Nem se consegue imaginar o que é que ela pensará sobre o fim do sistema intergovernamental e do federalismo europeu. Não uma união política como é referida pela Alemanha, mas uma união política com a participação activa dos cidadãos. Hoje como se vê, a Europa é dominada por políticos de pacotilha, tecnocratas e senhores com ligações à Goldman Sachs; os cidadãos, esses, assistem à construção e desconstrução da Europa à sua revelia.
Angela Merkel, para suavizar os mercados, até dirá "talvez" a alguns paliativos, esse talvez virá invariavelmente acompanhado por uma maior rigidez económica e perda de instrumentos económicos, na clara assumpção de que o Euro é funcional. Seja como for, serão sempre meros paliativos que adiarão por mais algumas semanas ou meses o resultado que já todos antevêem.
Até lá, os governos dos vários países em dificuldades mostram todo o esplendor da subserviência e o povo europeu permanece adormecido, embora sejam notórios alguns exemplos do contrário. A ver vamos como será quando esse povo acordar do seu já longo sono.
Ora, o problema reside exactamente neste ponto. Procura-se fortalecer a "união" monetária, controlada em absoluto pela Alemanha, e qualquer esforço no sentido de fortalecer a união política remete-nos para o domínio da utopia. A Alemanha procura exercer um controlo mais férreo dos poucos instrumentos ao dispor dos Estados no sentido de impor uma ortodoxia cuja eficácia tem deixado muito a desejar.
Por outro lado, essa ortodoxia que bebe incessantemente do neoliberalismo e que está na génese e no funcionamento da moeda única falha a cada dia que passa. Todavia, esta parece ser uma questão de somenos para a Alemanha. A moeda única é um falhanço, assente na rigidez de um Banco Central Europeu com funções meramente anti-inflacionistas, assente nas divergências fiscais entre Estados-membros, longe de combater as assimetrias sociais e mais longe ainda de vir a ter um orçamento robusto. Sem uma mudança na arquitectura da moeda única o resultado será dramático. O caminho da Alemanha não é, como se vê, o enumerado acima. Na semana passada assistimos a um episódio paradigmático: Angela Merkel discursou mostrando a sua irascibilidade relativamente às eurobonds.
Assim, imagine-se que opinião têm aquela senhora da uniformização fiscal, da robustez do orçamento europeu, da mudança de natureza do BCE ou do combate às assimetrias sociais e, até quem sabe, ao papel mais activo do Banco Europeu de Investimento. Nem se consegue imaginar o que é que ela pensará sobre o fim do sistema intergovernamental e do federalismo europeu. Não uma união política como é referida pela Alemanha, mas uma união política com a participação activa dos cidadãos. Hoje como se vê, a Europa é dominada por políticos de pacotilha, tecnocratas e senhores com ligações à Goldman Sachs; os cidadãos, esses, assistem à construção e desconstrução da Europa à sua revelia.
Angela Merkel, para suavizar os mercados, até dirá "talvez" a alguns paliativos, esse talvez virá invariavelmente acompanhado por uma maior rigidez económica e perda de instrumentos económicos, na clara assumpção de que o Euro é funcional. Seja como for, serão sempre meros paliativos que adiarão por mais algumas semanas ou meses o resultado que já todos antevêem.
Até lá, os governos dos vários países em dificuldades mostram todo o esplendor da subserviência e o povo europeu permanece adormecido, embora sejam notórios alguns exemplos do contrário. A ver vamos como será quando esse povo acordar do seu já longo sono.
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