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Eleições em Espanha

Cansados, desiludidos, desesperados, alguns esperançosos, os Espanhóis que votaram no passado domingo escolheram, por larga maioria, o Partido Popular, ficando o PSOE, partido no poder, com uma derrota pesada, a maior da sua história. Esta situação já foi vista noutros países: responsabiliza-se o partido no poder pela crise que, embora tenha causas externas, precisa de um rosto da culpa e esse rosto foi Zapatero. E nem o seu afastamento destas eleições foi suficiente para as perspectivas do PSOE.
Num contexto de bipalorização, o que se passou em Espanha não constitui novidade. Dois grandes partidos e a consequente alternância. Os eleitores cansam-se de um, votam no outro para anos depois se cansarem desse e voltar a depositar o seu voto no primeiro. Mariano Rajoy já não é novato nestas andanças.
Outros pensarão que é com esta mudança que os problemas do nosso vizinho espanhol serão atenuados. Muitos esperarão uma reacção positiva dos mercados, embora esses mesmos mercados pouca fé parece terem nos mais do que antecipado vencedor destas eleições.
Como outros exemplos nos têm demonstrado, a mudança de governo, pode ter um impacto inicial positivo para os sacrossantos mercados, porém, esse impacto é efémero.
As eleições em Espanha apenas mostram o peso da alternância política, peso esse que pouco impacto parece ter no desenrolar dos acontecimentos numa Europa que sobrepõe o poder económico ao poder político, com a consequente fragilização dos sistemas democráticos.

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