Avançar para o conteúdo principal

A República e o discurso do Presidente

Falou sobretudo de economia. Num discurso diferente daquele que pautou os anos de Sócrates, Cavaco Silva constatou o óbvio e acrescentou a tese do fim das ilusões. Criticou a Europa, fez as suas chamadas de atenção e assim se passou o dia em que se comemorou os 101 anos da implantação da República.
Ficou por dizer que vivemos o expoente máximo dos tempos em que vigora a ditadura dos mercados e que são a democracia e a própria república as primeiras a capitular.
A República, em particular, aquilo que é designado por ética republicana, merece outra consideração por parte de quem é eleito representante dos cidadãos. Com efeito, em Portugal a ética republicana sucumbe a uma cultura de ligeireza com que se olha para a corrupção e à mais do que conhecida falta de eficiência da Justiça.
Por cá, tudo parece permanecer na mesma. Pedem-nos que aguentemos e que façamos sacrifícios para um amanhã melhor que tarda em chegar. Lá fora, irrompem manifestações de desagrado e descontentamento contra o império financeiro e os seus arautos - os mesmos que nós escolhemos para defender os nossos interesses.
O mundo vive um período de grande instabilidade. São cada vez mais aqueles que procuram lutar por uma verdadeira democracia, uma democracia das pessoas e para as pessoas e não este sistema em que se procura salvaguardar os interesses de uma minoria. A ver vamos como é que a Republica portuguesa, com os seus 101 anos, vai passar por todos estes períodos conturbados.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...