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Falência da Grécia e da Europa

Ainda não é oficial, mas dificilmente a Grécia conseguirá escapar à falência. O objectivo agora parece ser evitar uma falência descontrolada com o objectivo de impedir o efeito de contágio e grandes perdas para a banca. Se a Europa, designadamente a Alemanha tivesse reagido eficaz e atempadamente no dealbar da crise da dívida soberana grega, certamente este artigo não estaria a ser escrito.
A Europa não tem respostas para este problema, e quando respondeu, recorreu às mesmas políticas que estão subjacentes à crise que eclodiu em 2008. Desde 2009 que assistimos à recusa, em particular da Alemanha, em resolver de uma vez por todas o problema que foi criado, no caso grego, por ilusões impingidas pelos principais actores na cena neoliberal (não esqueçamos a participação da Goldman Sachs em todo este processo que vai culminar com a falência da Grécia).
Não deixa de ser curioso perceber que quem deu origem à crise das dívidas soberanas (veja-se a forma assustadora como as dívidas e défices dos países aumentaram desde a origem da crise, com resgates à banca e afins) seja o mesmo carrasco com a conivência clara dos principais líderes políticos europeu, que vai dar a machada final no Euro e no sonho europeu.
Angela Merkel, Sarkozy e outros líderes, designadamente nos Países Baixos e na Finlândia ficarão na História pelas piores razões. Foram estes senhores a matar o sonho europeu, com custos inimagináveis para os cidadãos da Europa. Pelo caminho nunca esqueceremos as humilhações a que a Grécia em particular foi sujeita. Por cá, a onda de choque ainda está a chegar. O falhanço da Grécia explica-se em larga medida com a aplicação de políticas de austeridade que, pasme-se!, redundaram em recessão (uma contracção de 5 por cento).

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