Avançar para o conteúdo principal

Liberalismo no seu expoente máximo

A urgência em aprovar alterações à legislação laboral são sintomáticas da vertigem liberal do Governo actual. O Governo pretende ir mais longe do que a própria Troika, aplicando a lei aos contratos antigos. Segundo estes arautos do liberalismo, o mesmo que nos presenteou com a crise de 2007/2008, a protecção laboral é excessiva e constitui um óbice à competitividade do país.
É curioso como se esquece as verdadeiras razões da nossa fraca competitividade, como o tecido empresarial anódino, a falta de investimento nas empresas em matéria de equipamento e formação dos seus recursos humanos, os empecilhos próprios de um país pouco funcional, no que diz respeito à justiça, à Administração Pública, à burocracia.
No cômputo geral, esta é uma questão ideológica. Ataca-se o factor trabalho na crença que dessa forma se melhorará a competitividade da economia portuguesa. É assim com a redução da Taxa Social Única - redução dos custos com o trabalho - e é assim com estas mudanças na legislação laboral com vista a facilitar o despedimento e reduzir indemnizações.
De um modo geral, nada disto surpreende, na medida em que Pedro Passos Coelho já tinha afirmado ter a intenção de ir mais longe do que a cartilha neoliberal da Troika. Caminhamos a passos largos para a destruição de direitos considerados por esta gente como meros pormenores a eliminar, isto perante a inércia de um país adormecido à espera da próxima réplica do terremoto que se vive na Europa.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecência...