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Ainda as agências de rating

Portugal uniu-se contra as agências de rating; a Europa uniu-se contra as agências de rating. Fala-se de uma guerra, de um ataque ao Euro. Espantam-se as almas, as mesmas que até ao início desta semana faziam a apologia mais ou menos velada da eficiência dos mercados e da subsequente subjugação dos países aos ditames desses mercados.
O problema de fundo não é a agência de notação financeira Moody´s. O problema de fundo prende-se com a autoridade que os mercados possuem, autoridade que se sobrepõe e subjuga os países, pondo em causa a democracia. Depois do descalabro financeiro de 2007, responsabilidade de um sector financeiro desregulado e com a autoridade para fazer o que bem entendesse, com a clara conivência dos responsáveis políticos, as atenções viraram-se para as dívidas soberanas de países da zona Euro. Passou-se a especular desse modo. Os défices subiram graças em larga medida às ajudas concedidas ao sector financeiro, sector esse que se mostra irredutível perante as dívidas dos Estados soberanos. Depois de ajudados, viraram-se contra quem os ajudou.
Num contexto de ausência inexorável de lideranças políticas, em que as débeis classes políticas vivem sob o jugo dos mercados, as fraquezas são aproveitadas.
Ontem as agências de rating foram duramente criticadas. As críticas são extemporâneas e estão longe de se centrarem no essencial que é a selvajaria em que se tornou o sistema capitalista. O que a Moody's fez é um mero sintoma de uma doença potencialmente fatal.

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