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Uma década depois

A morte anunciada de bin Laden é indubitavelmente uma vitória para os Estados Unidos e uma boa notícia para o resto do mundo. É uma vitória para os Estados Unidos, embora a morte do homem mais procurado do mundo não signifique obviamente o fim do terrorismo. De todo o modo, este acontecimento tem um elevado peso simbólico para o povo americano. Afinal de contas, trata-se da morte do mais alto responsável pelo 11 de Setembro.
Todavia, embora este seja um momento de celebração, não deve redundar em ilusões quanto às ameaças terroristas. Pelo contrário, este deve ser um momento de reflexão sobre a possibilidade de represálias, agora que bin Laden é um mártir.
Uma década depois, o povo americano sente que foi feita justiça. Depois de tanto tempo sem se conseguir resultados, depois de erros cometidos pela anterior Administração em nome precisamente de uma guerra contra o terrorismo, a morte de bin Laden - alguém já próximo da mitologia - volta a dar ao povo americano e não só um sentimento de justiça.
Importa também sublinhar que esta é também uma vitória do mundo islâmico. Com efeito, bin Laden terá feito mais pela imagem negativa do Islão - por alegar que a sua luta era em nome do Islão - do que qualquer outra pessoa.
Paralelamente, esta é uma grande vitória da Administração Obama. Barack Obama ficará na história como o Presidente que conseguiu aniquilar bin Laden. Pode-se-á dizer que seria mais importante detê-lo com vida e levá-lo à justiça, mas o facto é que o desaparecimento de bin Laden transmitiu uma sensação de alívio e de justiça ao povo americano. Hoje é um grande dia para o povo americano e um grande dia para Barack Obama. O que não invalida a preocupação que deve existir em torno das consequências da morte de bin Laden.

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