Avançar para o conteúdo principal

Memorando, mas só em inglês

O primeiro-ministro demissionário, o mesmo que para bem do país já se devia ter afastado da política, ficou exacerbado (para nosso espanto!) com a insistência da jornalista no debate com Jerónimo de Sousa sobre a inexistência do memorando de entendimento acessível em português. Para além da falta de preparação do primeiro-ministro demissionário que talvez pela sua actual condição demonstre amiúde não saber a quantas anda, é grave que um documento determinante para o futuro próximo do país não esteja acessível a todos os cidadãos, em língua portuguesa, claro está.
É bem verdade que não interessa discutir-se exaustivamente o documento, sobretudo por duas razões: por um lado, uma discussão aprofundada do documento implicaria que os principais intervenientes políticos - os que negociaram - conhecessem bem o documento, o que visivelmente não é o caso; por outro lado, em plena campanha, ou pré-campanha eleitoral, é incómodo estar-se a discutir mais austeridade, recessão, ausência de crescimento económico, dificuldades crescentes, e por aí fora.
Por conseguinte, e numa clara manifestação de desprezo pelos cidadãos (mais uma entre muitas), o memorando de entendimento assinado entre Governo e Troika não está acessível, em português e na íntegra. Andam para aí uns resumos de 15 páginas.
Nada disto terá implicações no dia 5 de Junho. PS, PSD provavelmente com a coadjuvação do CDS serão os partidos brilhantes que vão governar o país nos próximos anos. Consideração pelos cidadãos? Para quê? O masoquismo reina por estas bandas.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...