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Memorando, mas só em inglês

O primeiro-ministro demissionário, o mesmo que para bem do país já se devia ter afastado da política, ficou exacerbado (para nosso espanto!) com a insistência da jornalista no debate com Jerónimo de Sousa sobre a inexistência do memorando de entendimento acessível em português. Para além da falta de preparação do primeiro-ministro demissionário que talvez pela sua actual condição demonstre amiúde não saber a quantas anda, é grave que um documento determinante para o futuro próximo do país não esteja acessível a todos os cidadãos, em língua portuguesa, claro está.
É bem verdade que não interessa discutir-se exaustivamente o documento, sobretudo por duas razões: por um lado, uma discussão aprofundada do documento implicaria que os principais intervenientes políticos - os que negociaram - conhecessem bem o documento, o que visivelmente não é o caso; por outro lado, em plena campanha, ou pré-campanha eleitoral, é incómodo estar-se a discutir mais austeridade, recessão, ausência de crescimento económico, dificuldades crescentes, e por aí fora.
Por conseguinte, e numa clara manifestação de desprezo pelos cidadãos (mais uma entre muitas), o memorando de entendimento assinado entre Governo e Troika não está acessível, em português e na íntegra. Andam para aí uns resumos de 15 páginas.
Nada disto terá implicações no dia 5 de Junho. PS, PSD provavelmente com a coadjuvação do CDS serão os partidos brilhantes que vão governar o país nos próximos anos. Consideração pelos cidadãos? Para quê? O masoquismo reina por estas bandas.

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