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Contagem decrescente

A escassos dias do fim da campanha eleitoral, torna-se difícil esconder o meu contentamento. Aliás, é um misto de contentamento e de alívio. O fim da campanha eleitoral representa o fim de semanas de agonia própria de partidos políticos que discutiram tudo menos políticas e que se distanciaram da realidade dura que se avizinha. O comportamento dos seus líderes tornou-se mesmo exasperante, tal é o desfasamento entre o seu discurso ou vacuidade - como lhe queiram chamar - e a realidade dos factos.
Por conseguinte, e independentemente de quem sai vencedor das eleições de dia 5 de Junho, a verdade é que o programa está estipulado, tem a designação de memorando de entendimento e todos clamam pelo seu cumprimento integral. A ver vamos se o seu cumprimento escrupuloso será suficiente.
Até ao próximo fim-de-semana, a campanha vai intensificar-se. Não no sentido da discussão de politicas, mas antes através de polémicas e vacuidades várias. Até ao próximo fim-de-semana vamos ouvir os mesmos senhores que são responsáveis pelo descalabro do país agirem como se a culpa fosse do vizinho do lado - os mesmos que nada fizeram para melhorar o estado da Justiça; os mesmos que usaram a educação para tudo e para mais alguma coisa menos para o seu fim; os tais que instituíram a partidocracia; os tais que nada fizeram para combater a corrupção; os mesmos que trocaram o tecido produtivo pelo endividamento. Um deles vai governar o país.

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