Avançar para o conteúdo principal

Ainda a Grécia

O chumbo de novas medidas de austeridade por parte dos principais partidos da oposição grega, que poderá inviabilizar a chegada da última tranche do empréstimo acordado com a UE e o FMI, deixa a Grécia e a própria Zona Euro numa posição periclitante. As medidas de austeridade iriam traduzir-se por mais cortes nos salários e pensões, para além de um vasto programa de privatizações.
A Europa considerou que a melhor forma de combater o ataque dos mercados aos países periféricos que muitos apelidam de crise das dívidas soberanas através de austeridade e redução radical dos défices e do endividamento. A realidade mostra que essas medidas draconianas não são a solução. Além disso, a inexistência de mecanismos de contenção deste tipo de problemas no seio da Zona Euro e a mais abjecta liderança europeia deixam os países da Zona Euro vulneráveis a ataques que agravam a situação já difícil do seu endividamento.
A Grécia, um pilar da identidade europeia está agora sujeita a um misto de humilhações e aniquilamento do bem-estar social dos seus cidadãos. Infelizmente, os países que dominam a Zona Euro e a própria Europa, designadamente a Alemanha que tanto beneficiou com o endividamento e desindustrialização dos países periféricos mostrou desde a primeira hora um egoísmo que lhe será igualmente prejudicial.
Os problemas da Grécia são os problemas de todos os países Europeus, designadamente aqueles que pertencem à cada vez mais malograda Zona Euro. Portugal, muito em particular, deve olhar com grande atenção para o que se está a passar na Grécia. Aqui, neste nosso país surreal, e em plena campanha eleitoral todos se comportam como se tivessem grande margem para governar, quando na verdade o programa foi imposto por fora e chama-se Memorando de Entendimento - um belo exemplo da ideologia liberal dominante e persistente. Todos, ou quase todos, se comportam como se fosse possível ultrapassar esta crise com juros, dívidas e recessão. Agora pedem responsabilidade ao eleitorado - é preciso um governo sólido, uma boa equipa para cumprir o programa da Troika. As ilusões continuam e muitos cidadãos assinam por baixo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma