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Um acordo desejado

São inúmeras as vozes que clamam por um acordo entre os principais partidos, designadamente entre PS e PSD, e porventura CDS. Não deixa de ser lamentável que esse acordo não tivesse chegado antes. Cada vez se entende menos a necessidade de se proceder a um acto eleitoral, quando na realidade teria sido mais profícuo para o país que estes partidos se tivessem entendido.
É impossível escapar à sensação de que estes senhores líderes dos principais partidos passam grande parte do seu tempo envolvidos em quezílias uns com outros ao ponto de provocarem eleições para no fim chegarem a um acordo. Para além da instabilidade política desnecessária e claramente extemporânea, obriga-se o Estado a gastar mais dinheiro e tenta-se convencer eleitores desanimados e exasperados com os tais partidos políticos a votarem no dia 5 de Junho. Ora, isto mais parece uma birra de miúdos.
Os restantes partidos, Bloco de Esquerda e PCP continuam empenhados em mostrar que nas alturas decisivas preferem ficar de fora, como foi o caso das negociações com a malfadada troika. Consequentemente, a ideia de que se tratam de partidos de mero protesto ganha força. Já aqui foi referido que apesar da tentativa de se querer manter a coerência, nada se consegue fazer agindo fora dos momentos de decisão. Perdem esses partidos e perde o país que acaba por não ter uma parte importante da esquerda representada nas negociações.
Começa-se então a vislumbrar um acordo desejado que teria tornado completamente inútil estas eleições que se avizinham e o período manifestamente conturbado que estamos a viver. Agora é José Sócrates que se mostra disponível para um acordo pós-eleitoral. Se não fosse a grave situação do país, seria caso para rir.

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